Roteiro do Património Cultural Imaterial (PCI)
Este roteiro propõe uma viagem à descoberta de algumas manifestações do Património Cultural Imaterial do Alentejo e Ribatejo que foram reconhecidas pela UNESCO e inscritas nas suas Listas pela sua singularidade e excecionalidade. Património vivo transmitido de geração em geração, constantemente recriado pelas comunidades em função do seu meio, da sua interação com a natureza e a sua história, que confere sentimento de identidade e de continuidade e contribui para a promoção do respeito pela diversidade cultural e pela criatividade humana. Saiba mais sobre roteiros e experiências PCI.
Dia 1 - CANTE ALENTEJANO (inscrição UNESCO 2014)
Visita guiada à cidade de Beja
A cidade implanta-se num morro dominando a vasta planície envolvente. O campo rodeia a cidade e pontua a fronteira natural entre a vida urbana e a vida rural. A cidade romana de Pax Julia terá sido fundada por Júlio César ou por Augusto. Foi uma Civitas que administrava juridicamente uma das regiões que constituíam a província da Lusitânia (as outras duas capitais eram Santarém e Mérida).
A visita à cidade culmina na visita ao Centro UNESCO para tomar contacto com o Cante, uma manifestação com forte presença na vida social das comunidades alentejanas. O Centro UNESCO para a Salvaguarda do Património Cultural Imaterial, é um local de grande significado na abordagem ao tema, com intensa programação dedicada e de recursos de conhecimento onde se pode obter uma contextualização dos pressupostos e dos processos da classificação UNESCO.
O Centro UNESCO, em colaboração com a Câmara Municipal de Beja e a MODA – Associação do Cante Alentejano, organiza o programa ‘Serões do Cante – assista a um ensaio’ em que se convida quem está de visita a Beja para assistir a um ensaio de um dos Grupos Corais do concelho. Com uma duração de cerca de 40 minutos os visitantes terão oportunidade de escutar, de forma bastante próxima, esta expressão musical.
Predominam os grupos corais masculinos, há, no entanto, um número crescente de grupos femininos, mistos e infantis. As vozes em cada grupo coral são organizadas em três vozes e papéis: ponto, alto e baixos. Os cantores aproximam-se e estão profundamente envolvidos numa unidade emocionalmente intensa de vozes.
Visita à Casa do Cante, em Serpa
No percurso entre Beja e Serpa (27km) o turista poderá apreciar a paisagem de Montado no Baixo Alentejo, povoada de azinheiras que abrigam à sua sombra as varas de porcos que se alimentam dos seus frutos, a bolota. Algumas das herdades mantém a tradição do porco de montanheira, porco em pastagem extensiva, que constitui um elemento singular desta paisagem uma vez que é o único sistema agro-silvo-pastoril do mundo onde o porco é criado em pastagens extensivas.
Para acabar este dia cheio, propõe-se um jantar especial para os sentidos: do paladar à descoberta dos produtos da terra e das mil e uma formas de os combinar, à fruição visual de um espaço e ambiente tradicionais de encontro e de convívio e ao ambiente sonoro raro com a possibilidade de ouvir cante alentejano, assistindo no local à apresentação de um grupo de cante na taberna do Grupo Camponeses de Pias.
Dia 2 - MANUFATURA DOS CHOCALHOS (inscrição UNESCO 2015)
Serpa - Alcáçovas
Depois das vozes harmoniosas do cante, do dia anterior, prepare-se agora o viajante para escutar o som, também com uma afinação específica e rigorosa dos chocalhos que o rebanho há-de reconhecer nos montes, fruto de uma grande mestria técnica e um grande domínio da arte dos sons de uns idiofones de metal que levam o nome de chocalhos e são produzidos na Península Ibérica já desde o séc. I a.C.
Visita à Fábrica de Chocalhos (Alcáçovas)
Na fábrica Pardalinho o viajante poderá acompanhar, em contexto de trabalho e com interação direta com os protagonistas, as diversas etapas de manufatura dos chocalhos, e assim compreender e observar os saberes fazer a elas associados. Poderá ainda percecionar o trabalho subtil das sonoridades dos chocalhos. Poderá experimentar o embarramento, que consiste em fazer um casulo de barro amassado com moinha de palha dentro do qual o chocalho irá depois ao forno. No final poderá adquirir diversos produtos artesanais à venda na loja.
Visita ao Centro Interpretativo do Chocalho – Paço dos Henriques (Alcáçovas)
O viajante ficará a conhecer o que justificou a inscrição desta arte tradicional na Lista do Património Cultural Imaterial com necessidade de salvaguarda urgente na UNESCO numa visita guiada à exposição permanente que se encontra no Paço dos Henriques ou Paço Real da Vila, que foi a residência real de Portugal no século XIV, onde se realizaram os casamentos dos pais de D. Manuel I de Portugal e da rainha Isabel I de Castela, a Católica.
Viagem de Alcáçovas até Évora para visita acompanhada por guia ao Centro Histórico de Évora - Património Mundial
Dia 3 – FIGURADO EM BARRO DE ESTREMOZ (inscrição UNESCO 2017)
Modelar a vida em barro, este é o mote desta jornada dedicada a uma arte tradicional de caráter marcadamente artesanal, transmitida em contexto familiar e oficinal, emblemática desta comunidade que lhe confere o nome: ‘Figurado de Estremoz’.
Esta produção artesanal, documentada desde o séc. XVII, caracteriza-se pela manufatura de peças de barro de caráter eminentemente religioso, simbólico, lúdico ou decorativo, vivamente policromáticas que foram sendo sucessivamente desenvolvidas e incorporadas na tradição artesanal local. Os produtores tradicionais são conhecidos pelo nome de Barristas de Estremoz.
Visita ao Centro Interpretativo do Figurado
O viajante, na interação com mediadores, poderá compreender o Figurado de Estremoz como manifestação cultural do Alentejo, nas suas dimensões de saber fazer e simbólica, através de exposição documental, imagens e peças da lavra de vários autores, ao longo de várias décadas.
Passeio no Centro Histórico de Estremoz, com visita a oficinas e lojas de figurado
Visita a duas oficinas de barristas: Irmãs Flores e Afonso Ginja, que têm oficina aberta ao público, onde criam, produzem e vendem os seus artefactos, ‘feitos com arte’, em tradução literal. Aí o viajante poderá ver os artesãos a modelar, a pintar e a cozer as peças do figurado de Estremoz. No final poderá levar consigo alguns destes testemunhos de uma arte rara. Caso a visita ao figurado de Estremoz se efetue a um sábado poder-se-á visitar e adquirir figurado no Mercado de sábado.
Dia 4 – ARTE DA FALCOARIA (inscrição UNESCO 2016)
O Viajante terá oportunidade de tomar contacto com a Falcoaria que é uma modalidade de caça praticada em Portugal desde o séc. XII e assinalada no território desde a fundação da nacionalidade. Com maior expressão em Portugal no século XIV, foi no século XVIII que a Casa Real Portuguesa retoma a prática da Falcoaria e manda construir a Real Falcoaria de Salvaterra de Magos.
Visita à Falcoaria Real com demonstração em campo
Na Falcoaria Real de Salvaterra de Magos realizam-se, diariamente, visitas guiadas com duração aproximada de 1 hora. Estas visitas devem ser previamente marcadas se forem para grupos superiores a 10 pessoas.
Na visita à Falcoaria Real, o Viajante terá oportunidade de descobrir, através de uma exposição, o mundo da Falcoaria desde o Neolítico até aos nossos dias, os motivos que conduziram ao aparecimento desta arte, bem como, a sua importância na Vila de Salvaterra de Magos, que desde sempre reuniu condições favoráveis para a realização de grandes caçadas. Poderá ainda assistir ao treino de aves e à demonstração de voo em liberdade, onde as aves mostram toda a sua perícia, na tentativa de capturar a ""falsa fresa"" lançada pelos falcoeiros.
Veja aqui mais informações sobre roteiros e experiências turísticas, baseadas no Património Cultural Imaterial do Alentejo.